PARQUE CENTRAL DA ASPRELA

A Universidade do Porto (UP), o Instituto Politécnico do Porto, o Município do Porto, a Águas do Porto – EM e a Agência Portuguesa do Ambiente – APA, acordaram promover o desenvolvimento de um novo espaço verde de uso público, em terrenos da UP situados no Campus da Asprela, freguesia de Paranhos da cidade do Porto. 

Este desígnio visa enriquecer e dinamizar área urbana em questão, especialmente ocupada por equipamentos de ensino e investigação, elevando a qualidade e a diversidade dos sistemas naturais na proximidade dos cidadãos, a vivência e a perceção do espaço exterior vivo, os níveis de saúde e bem-estar e a qualidade ambiental total, aspetos indispensáveis para uma digna qualidade de vida da cidade.Este acordo consuma-se primeiramente na elaboração do Projeto do Parque Central da Asprela, incidindo numa área de cerca de 56855,07 m2, cujo estudo prévio foi aprovado em novembro de 2016. 

O projeto é desenvolvido na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, por uma equipa que integra as áreas disciplinares de arquitetura paisagista, ecologia, arquitetura, engenharia hidráulica, engenharia de estruturas e engenharia eletrotécnica. O espaço é maioritariamente constituído pelo leito de cheia da ribeira da Asprela, onde se identificam duas especiais zonas de intervenção: 1) zonas húmidas (24.739,63 m2) – de cotas baixas correspondentes às ribeiras, suas margens e lameiros associados; 2) zonas secas (32.115,44 m2) – de cotas mais altas não sujeitas a inundação regular. 

Os objetivos gerais do projeto incidem na mitigação das consequências ambientais que se estimam como resultado das: 1) alterações climáticas; 2) aumento da população humana nas áreas urbanas; 3) retração da permeabilidade dos solos urbanos; 4) perda de biodiversidade; e 5) diminuição do contacto humano com a natureza. 

Os seus objetivos específicos assentam na organização e desenho de um novo parque verde, de acordo com um programa multifuncional que explora os seguintes aspetos: 1) promoção do verde contínuo urbano associado ao funcionamento naturalista das linhas de águas existentes e respetiva modulação de caudais de cheia; 2) otimização do espaço vegetalmente revestido, beneficiador do clima urbano, da permeabilidade do solo e mitigador de problemas desencadeados pelo aquecimento global; 3) criação de uma rede de caminhos para peões e ciclistas promovendo a ligação e o movimento ao longo de corredores verdes entre os vários pontos do campus da Asprela; 4) criação de áreas de estadia, de recreio, de miradouro e de receção num contexto naturalista; 5) criação de espaços de elevada amenidade micro-climática, especialmente durante o período estival para modelação dos picos de calor; 6) potenciação de habitats naturalizados e estimulação biodiversidade e dos serviços de ecossistemas a esta associados; 7) facilitação de cenários arborizados, belos, inspiradores, que acentuem o deleite e o prazer do espaço exterior e da paisagem. 

Mesmo perante um extenso conjunto de objetivos, o programa de intervenção conseguiu formular-se tirando o máximo partido dos valores pré-existentes, de modo a que as principais ações foquem: 1) nas zonas húmidas e taludes associados, intervencionadas de acordo com um traçado naturalista assente na recuperação e reperfilamento do leito dos cursos de água e suas margens, fazendo uso da vegetação arbóreo-arbustiva existente, da modelação do terreno e enrocamentos; 2) nas zonas secas, intervencionadas com um traçado mais eclético e geometrizado, estruturado por clareiras, bordaduras e pequenos bosques, acessíveis por caminhos com zonas de estadia, oportunidades de recreio não equipado e zonas de plantação sensorialmente mais sofisticada. 

O processo de trabalho segue a metodologia de projeto e obra de arquitetura paisagista. Inicia-se com uma definição programática e progride através de fases aproximativas e exploratórias até níveis mais definidos, afinados às condições do local e pormenorizados de modo a poderem ser concretizados em obra: estudo prévio, projeto de licenciamento, projeto de execução e assistência técnica (durante a obra).

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